Artigo | Dia Internacional da Alfabetização: números refletem retrocesso no país

DATAS COMEMORATIVAS (3)

A Universidade é para todos? Escola de qualidade é para todos? Estas perguntas ecoam cada vez mais forte no peito dos brasileiros. Sim! Todas as brasileiras e todos os brasileiros têm direito a uma escola de qualidade. Mas, as perguntas continuam refletindo a não garantia desse direito uma vez que os números demonstram que a situação piorou em nosso país. Enquanto não resolvermos o gânglio da alfabetização continuaremos com altos índices de reprovação no Ensino Fundamental e, consequentemente, com o não acesso ao Ensino Médio e à Universidade.

O dia 8 de setembro foi considerado pela ONU por meio da UNESCO, desde o ano de 1967, como o Dia Internacional da Alfabetização para destacar a importância do acesso de todos à leitura e à escrita para o desenvolvimento social e econômico de um país e, acima de tudo, como um direito humano. Todavia, nosso país continua não conseguindo sequer alfabetizar as suas crianças, jovens e adultos e pior ainda, regrediu em relação à meta assumida para erradicar o analfabetismo definida no PNE – Plano Nacional de Educação – 2014. A meta era ter 93,5% dos brasileiros acima de 15 anos alfabetizados até 2015. No entanto, o percentual  de analfabetismo funcional aumentou de 27% para 29% conforme a pesquisa divulgada pelo do IBGE em 2019. O Brasil, portanto, não tem nada a comemorar no Dia Internacional de Alfabetização.

Os estudos sobre alfabetização que defendemos no Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep) – concepção referenciada na abordagem psicogenética enfatiza que a escrita não é um código e que reduzir o processo de alfabetização à aprendizagem desse suposto código é um retrocesso – Destoa do ensino da leitura e escrita dissociada de situações didáticas articuladas com as práticas de linguagem, restringindo-se a uma ação mecânica que desconsidera o sujeito que pensa e se esforça para entender o que a escrita representa.  Assim, ressaltamos que alfabetizar implica oportunizar crianças, jovens e adultos a vivenciarem situações de leitura e de escrita a partir de práticas sociais.

Nesta perspectiva, importante se faz a definição de uma política nacional de alfabetização séria que garanta condições de trabalho para os educadores, investimento em pesquisas, publicação de experiências exitosas que inspirem professores e estudantes, conscientização e apoio a familiares e realização permanente de formação continuada em contexto profissional dos educadores para que possamos, de fato, comemorar o dia 8 de setembro. Sigamos em frente em defesa da escola pública de qualidade!

Elisabete Monteiro
Mestre em Educação pela Université du Québec à Chicoutimi – Canadá.
Diretora pedagógica do Icep – Instituto Chapada de Educação e Pesquisa.
elisabete@institutochapada.org.br

Artigo publicado no Jornal A Tarde – coluna Opinião em 08.09.21
ARTIGO A TARDE 08.09.22_DIA MUNDIAL DA ALFABETIZAÇÃO-girado